Pep e Mou: A trilha para o penhasco




                  


             

                Lembro que, quando criança, eu tinha um amigo muito próximo a mim. Não esperava viver sem ele, e garanto o mesmo dele. Porém, depois de sete anos de amizade, ele simplesmente virou numa curva a qual eu não estava pronto. Nossa amizade havia sido apagada, não por maldade ou afins, e sim por um desejo de conhecer pessoas novas e seguir em frente. Obviamente, bateu-me uma tristeza, porém não exclusiva a mim. Esse sentimento provocado por tal situação é global, está presente em todos os cantos do planeta. Sim, até no futebol. Sim, estou falando de José Mourinho e Pep Guardiola. Surpreenda-se, e, se possível, pense naquele companheiro que, hoje, tem um "ex" acrescentado a ele, e perceba que, não importa aonde estejamos, o que somos e fazemos, nós sempre temos algo em comum. Adiante.

                 Os antigos amigos trabalharam juntos por 4 anos no Barcelona, o catalão como jogador e o português como assistente. A dupla adorava discutir táticas nos treinamentos, debatendo e trocando ideias, como o sonho de tornarem-se técnicos de sucesso. Eram muito próximos e, quando, José virou treinador da Inter de Milão e visitou o Camp Nou pela semi-final da Champions 2009/10, Pep disse o seguinte na conferência pré-partida:

                               
 "Se eu soubesse que ele era seria  um ótimo técnico quando estávamos juntos em Barcelona,eu teria dito ao clube para segurá-lo"

Naquela época, faíscas já haviam saído, mas não existia essa rivalidade no nível atual, havia também amizade. E quem poderia  imaginar que o herdeiro da luz que brilhava sobre os dois seria as trevas...







               No livro de Alex Ferguson, " My autobiography" ( "A minha autobiografia" ), o escocês relata que o último contato cordial entre os ex-colegas foi na reunião de treinadores da UEFA em 2010. Guardiola se encontrava sentado, sozinho, vendo os outros técnicos conversarem e, tendo visto isso, Mourinho o puxou, enturmando-o com os demais. Posterior a isso, as polêmicas dominariam o cenário entre os dois.                  

                  Após o título europeu conquistado pela Inter, Mourinho assumiu o comando do Real Madrid, e o prazo de validade para o companheirismo dos até então amigos estava para expirar. Em Abril de 2011, os catalães e os merengues enfrentaram-se 4 vezes em 18 dias ( duas pela semi-final da Liga dos Campeões, uma pela final da Copa do Rey e outra pela La Liga ), com a tendência dessas partidas terem sido a violência dos comandados de José e as simulações e malandragens dos de Guardiola. Em outras palavras, uma receita para o desastre. Na final da Copa, Pedro marcou um gol para o Barça, porém foi assinalado, acertadamente, impedimento do espanhol. Logo depois da partida e da perda do título, Guardiola disse o seguinte sobre o lance:

" Uma decisão de dois centímetros do bandeirinha, que deveria ter uma ótima visão, anulou o gol do Pedro."

No dia 26 do mesmo mês, os membros do clube blaugrana estavam num restaurante de um hotel em Madrid aonde estavam hospedados para a disputa da semi-final da Champions contra o Real. Com a televisão ligada, ouviram o que seria a gota d'água para Pep:

"Nós começamos um novo ciclo. Até este momento tinha um pequeno grupo de treinadores que não reclamava da arbitragem e um extenso grupo, no qual me incluo, que critica juízes. Agora, com os comentários de Pep, nós começamos uma nova era com um terceiro grupo, estrelando somente uma pessoa, um homem que critica árbitros quando estes tomam boas decisões. Isso é completamente novo para mim"






              A partir dessa declaração, Guardiola decidiu que era a hora do basta. Já havia dito antes a colegas próximos que quando chegasse a hora iria tomar as rédeas e reagir. Tocou o despertador. O momento era esse.

             Eram oito da noite no dia anterior à partida, quando Pep estava pronto para se pronunciar. Sabendo disso, o diretor de esportes do clube catalão, Andoni Zubizarreta, tentou fazer com que o treinador não rebatesse Mourinho. Ele ficou desapontado com a postura do Barça, pois todas as vezes em que foi desafiado por José, os dirigente da equipe nunca levantaram um dedo para defendê-lo. E, ignorando o pedido do diretor, foi até a sala de imprensa e soltou o que até então estava preso:


" Senhor Mourinho se deu ao luxo de me chamar de Pep,então vou chamá-lo de José. Amanhã às 20:45 nós iremos nos enfrentar no campo. Ele ganhou a batalha fora dos  gramados. Caso ele queira o seu próprio troféu da Champions League fora do campo, deixe ele pegar e aproveitá-lo. Nesta sala, Mourinho é o put* chefe, o put* chefão. Ele sabe tudo disso e não quero competir com ele aqui. Só gostaria de lembrá-lo que trabalhei com ele por quatro anos. Ele me conhece e eu o conheço."

"Se ele prefere valorizar as visões dos amigos jornalistas os quais retiram as suas informações de Florentino Pérez, mais do a relação que tínhamos por quatro anos, então é a escolha dele. Eu tento aprender de José no campo, mas eu prefiro aprender o mínimo possível dele fora dos gramados."







                   Quando chegou ao centro de treinamento do Barcelona, Guardiola foi ovacionado. Sua declaração inflamou o que já pegava fogo. É muito difícil imaginar uma reconciliação entre ele e Mourinho. Os dois agora são rivais e não há nada que, aparentemente, possa mudar essa situação. Todo esse panorama, entretanto, não é somente um caso exclusivo entre dois membros do futebol. É uma situação a qual ocorre com milhões de pessoas no mundo inteiro e, para conseguir fazer com que o Sol volte a se sobrepor sobre as trevas, é imprescindível perdoar, esquecer, admitir que estava errado, o que, ao contrário do que parece, não é nada fácil. O importante é lembrar que, em toda nuvem, tem um Sol atrás, basta procurá-lo. E essa não é uma lição exclusiva para Pep Guardiola e José Mourinho. É para todo planeta bola, literalmente.




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