Um craque que mudou os estereótipos dos volantes argentinos, com um toque de bola e controle sobre a mesma sensacionais, com uma visão de jogo extraordinária e classe invejável, que deixava todos a que assistiam boquiabertos. Esse é Fernando Redondo, um dos melhores jogadores argentinos da história.
Redondo começou no Argentino Juniors, em 1985. Assim como Maradona e Batista, foram os precursores dos passos de Riquelme, Sorín, Cambiasso... Lá começou a mostrar o quão diferente era, com carrinhos e botes limpos, sem chutões e com todas as outras qualidades já citadas. Não conquistou nenhum título profissional no time argentino, sendo então contratado pelo Tenerife, em 1990 ( foi contratado de graça depois de um vacilo - e que vacilo!!- da diretoria do Argentino Juniors).
No clube espanhol obteve cada vez mais destaque, sendo diversas vezes chamado para jogar pela Seleção Argentina, treinada na época por Alfio Basile. Em 1992 foi campeão da Copa das Confederações, sendo eleito o melhor jogador do torneio, e no ano seguinte conquistou a Copa América, os 2 primeiros títulos de expressão do argentino. Não participou da Copa de 90, pois afirmou que queria focar nos estudos. Em 94 não repetiu tal ato e jogou o Mundial, sendo um dos poucos jogadores "poupados" pela torcida depois da catastrófica eliminação, perdendo para a Romênia ( Copa marcada pela revelação do doping de Maradona, sendo expulso do torneio). No mesmo ano, foi contratado pelo Real Madrid, junto com o técnico que o treinava no Tenerife, Jorge Valdano, para por fim à predominância do Barcelona na Espanha. O sonho de finalmente conquistar um grande título por um clube estava próximo.
Logo em sua primeira temporada pelo time merengue, foi abraçado pela torcida, com seus desarmes certeiros e tabelas primorosas com seus companheiros, ajudando - e muito- o Real a conquistar o Campeonato Espanhol. Sua importância é comprovada quando vê-se que, em 38 jogos, o time de Madrid levou 29 gols. Essa recente idolatria levou-o a ser chamado de "El Príncipe", escrevendo assim o primeiro capítulo de sua linda - porém difícil- história pelo clube espanhol. Nas temporadas 95/96 e 96/97 Redondo começou a enfrentar o que foi o principal empecilho de sua carreira: as lesões. Foi então substituído por Luís Milla, além de começar a ser sondado por outros times. Aí chegou a temporada 97/98, a temporada de ouro do argentino, onde se tornou, considerado por muitos, o melhor volante do mundo da época, conquistando a UEFA Champions League de 97/98, encerrando um jejum de 32 anos do time merengue. Sua elegância em campo era cada vez mais apreciada e idolatrada, o que parece que não foi vista pelo treinador da Argentina na época, Daniel Passarella, que preferia um volante mais "brigador" em vez de um mais técnico. Passarella também proibia jogadores de cabelos longos e com brincos na seleção, algo que fez com que Redondo recusasse a seleção e ficasse de fora da Copa de 98, a qual era, por enquanto, a melhor temporada de sua carreira. Pena para os argentinos. Após este episódio, Fernando só voltaria a jogar pela albiceleste em 99, quando se aposentou dela, querendo focar mais no Real Madrid. Na temporada 1999/2000 Redondo foi de novo campeão europeu, com uma de suas jogadas mais geniais entrando pra história: depois de ter empatado por 0x0 no Bernabéu, o time merengue foi buscar a classificação para as semi-finais do torneio em pleno Old Trafford, vencendo os Diabos Vermelhos por 3x2. Porém o que realmente entrou para a história foi o terceiro gol do Real, marcado por Raúl, depois de uma jogada fenomenal do argentino, que ao receber a bola do lado esquerdo do meio-campo, avançou pelo ataque e emplacou uma maravilhosa caneta de letra no norueguês Henning Berg, cruzando então para o atacante espanhol empurrar para as redes. Golaço, histórico, rendendo elogios do técnico do clube inglês, Alex Ferguson:
" O que esse jogador tem nas chuteiras? Imãs?"
Foi coroado como o melhor jogador da competição, além de ter sido considerado o melhor volante da década que terminava. Também foi campeão do Mundial Interclubes contra o Vasco, jogando de forma impecável. Foi outra magnífica temporada do "El Príncipe" ( considerada por muitos como melhor que a de 97/98 ), que a essa altura era mais do que um ídolo da torcida merengue. Porém, essa seria a última grande temporada de Redondo, que deixou o Real Madrid, para a decepção de seus torcedores, e acertou com o Milan por 25 milhões de euros. Foram 6 temporadas no time espanhol, encerrando um período de 10 anos atuando na Espanha ( contando o Tenerife ) tendo conquistado 2 Liga dos Campeões, 1 Copa Intercontinental e 2 La Ligas.
Estava realizando um sonho de jogar no Milan, tendo dito antes de se transferir que era um sonho poder jogar no belo San Siro. Porém, não foi no Milan nem de longe ( nem de longe mesmo ) o jogador que fez absurdo sucesso na Espanha. Ficou 2 anos sem jogar praticamente, sofrendo repetidas lesões. Foi campeão da Uefa Champions League 2002/2003 no time milanista, embora quase não tenha atuado, assim como na conquista do Campeonato Italiano de 2003/04 e da Copa da Itália de 2002/2003. A idade já pesava ( chegou à Itália com 31 anos) e estava claro que o final de sua carreira estava cada vez mais próximo. A decepção era enorme, não só a de Redondo e a dos torcedores milanistas, como também do mundo. Na época, a mídia italiana o definia da seguinte maneira: “Com físico de Rijkaard, visão de jogo de Rivera, elegância de Antognoni e personalidade de Obdulio Varela”. A expectativa era gigantesca, a decepção, maior ainda. Tudo isso começando na sua primeira pré-temporada na Itália, quando rompeu os ligamentos numa divida com um jogador da base do Milan, ficando 6 meses longe dos gramados. Esses meses se tornaram 2 anos e alguns meses sem jogar com regularidade, devido as sucessivas contusões. E, ao final disso tudo, quando teria a primeira chance de atuar regularmente, aparecia um jovem talento proveniente do rival de Milão: Andrea Pirlo. Era a facada mais dolorosa, o golpe que faltava, para que o argentino afirmasse que o Milan seria o seu último clube. E assim foi, aposentando-se em 2004, com 35 anos, depois de somente 16 partidas no clube italiano. Essas foram as suas palavras em sua despedida:
“A única coisa que me desagradou nessa experiência no Milan, foi o azar que tive quando cheguei, porque era o momento mais importante de minha carreira. Mas a vida é assim e temos de enfrentar os momentos difíceis”.
Títulos Individuais do "El Príncipe":
.Jogador mais valioso da Liga dos Campeões da UEFA: 1999-2000
.Bola de Ouro da Copa das Confederações de 1992
Principais títulos por clubes:
. Pelo Real Madrid: 2 Ligas dos Campeões da Europa ( 97/98 e 99/00 ) 2 Campeonatos Espanhóis ( 94/95 e 95/96)
. Pelo Milan: 1 Liga dos Campeões da Europa ( 2002/03 ), 1 Campeonato Italiano ( 2003/04 ) e 1 Copa da Itália ( 2002/03)
. Pela Seleção Argentina: 1 Copa das Confederações ( 1992 ) e 1 Copa América ( 1993 )
Segue-se abaixo 2 vídeos de Redondo, um com grandes jogadas de sua carreira, e outro sobre a partida magnífica que fez contra o Manchester United. Aproveitem.
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