Uma certa dose de gana



Jogadores muito individualistas costumam dar alguns problemas para suas equipes. Aqueles que vão com demasiada sede ao pote podem alcançar o que almejam, certas vezes; porém, se não, certamente ficará a repreensão, pois talvez outro companheiro pudesse conseguir a meta, comum para ambos.


Por outro lado, jogadores de extremo coletivismo, que carregam falta de ambição e denotam omissão, provavelmente serão os menos lembrados ao frigir dos ovos. O futebol é algo que estimula a competição, e, naturalmente, cria-se o desejo de ser melhor que tal alguém, de aparecer mais que aquele outro. Certos jogadores não partilham deste desejo, o que vai da personalidade de cada um. Porém, especialmente quando falamos de atacantes, é imprescindível que exista uma certa dose de gana, gana pessoal em seu jogo.


Karim Benzema leva em sua carreira 267 jogos com a camisa do Real Madrid - até agora. E já são 129 gols e 83 assistências. Estatísticas tão altas em ambos os fundamentos, poucos têm. É coisa pra atacante realmente completo. Daqueles que conseguem conciliar a sede pelo protagonismo, com a humildade para ser o coadjuvante em prol do momento de um companheiro. Mas estas marcas poderiam ser muito mais impressionantes. Se Benzema não fosse, digamos, "humilde demais".




O elevado número de gols é um reflexo de sua enorme qualidade técnica. O francês é um jogador de altíssimo nível; mas de ambições, aparentemente, inversamente proporcionais. Claro, é fácil se acostumar a ser o "ajudante" em time de Cristiano Ronaldo. À medida que o gajo foi tomando gosto por se aproximar da grande área, o francês teve, como papel principal, abrir espaços para os aprofundamentos de seu companheiro de camisa 7. Mas e sua camisa 9, o que diz? Onde está o faro de gol que nela deveria ser carregado?


Ser submetido à "estrela maior" não deveria ser uma opção partida de Benzema. Funções táticas todos cumprem. Mas tocar de lado (para o brilho de qualquer outro, não só do português), quando tem a chance de marcar um gol, é uma decisão vinda dele mesmo. Depois de algumas temporadas, finalmente o francês tem sua titularidade garantida no time merengue, que hoje tem seu jogo concentrado na ofensividade, onde o ataque é quase que incessantemente acionado. Benzema poderia ter muito mais gols. Todavia, é costumeiro vê-lo chegar à frente do goleiro e procurar um companheiro.


Omissão? Ou humildade demais? Provavelmente não saibamos o que ele tem. Mas provavelmente sabemos o que lhe falta. Falta uma certa dose de gana.
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Sobre Victor Eduardo

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